Sem Firulas: Vai ter metrô? Na semana da abertura do grande evento esportivo de futebol (fomos proíbidos de usar o termo "Copa" pela FIFA), São Paulo segue mostrando suas garras e teimando em desmentir aqueles que, a exemplo de Carlos Alberto Parreira, dizem que política e futebol não se misturam. Hoje, num deja vu dos anos de chumbo, sessenta funcionários do Metrô paulistano foram demitidos por "vandalização" e "incitação à violência" e treze manifestantes foram para o xilindró após serem alvos de cenas lamentáveis (proj. Sportv) no metrô Ana Rosa, tratados a cacete pela Polícia Militar. O caos do transporte público é mais do que uma dessas loucurinhas de que os paulistanos se valem para equalizar suas próprias doideiras diárias na selva de pedra e gerar assuntos com outrens. A semana passada foi pesada além da conta e a perspectiva de paralisação do metrô durante a Copa é assutadora demais. O que se vê agora é o mais importante capítulo de uma briga de foice para ver quem tem o aparato mais poderoso. De um lado, o Governo do Estado jura que há contingente suficiente para oferecer o serviço aos usuários do metrô durante a Copa e, mais do que isso, sabe que se ceder às reivindicações dos grevistas estará criando um precedente visto como perigoso, carregando consigo o ônus político de quem conduziu mal a questão desde o princípio. Do outro lado, os metroviários em greve entendem muito bem a pressão que a opinião pública exercerá em caso de paralisação total da cidade em pleno dia 12, de abertura de Copa. Além dos dois protagonistas, é válido lembrar que há mais atores em cena: a Polícia Militar, com sua tradicional truculência, alguns setores da imprensa, com sua tradicional cobertura confusa, o Poder Judiciário, com sua tradicional previsibilidade. Todos, até o momento, fizeram o que costumam fazer de melhor. É ano de Copa, é ano eleitoral, é mês de junho. É tempo de efervescência elevada à décima potência. O pedido de aumento salarial é de 12%. Os funcionários do metrô já conseguiram 8. Quem vai pagar pelos 4 restantes? PS: na foto, vemos os metroviários em um gesto que marcou um certo camisa 8 da história do futebol.