O gato e o Galo de Schrödinger: um deles vai se dar mal |
Popularizou-se
na internet a história do gato de Schrödinger, aquela metáfora que explora
algumas das consequências metafísicas das descobertas recentes e não
completamente compreendidas da mecânica quântica. Funciona mais ou menos assim:
- Existe um
gato numa caixa com uma bomba que tem 50% de chance de ter explodido (e matado
o gato). Até abrirmos a caixa, não sabemos se a bomba explodiu ou não.
- No
entanto, para a mecânica quântica, a bomba está constantemente explodindo e não
explodindo ao mesmo tempo, até que alguém abra a caixa, quando uma das opções é
definida. Ou seja, antes de abrirem a caixa o gato está simultaneamente vivo e
morto.
- Assim, é a
sua ação de abrir a caixa que define se a bomba tinha explodido (ANTES de você
abrir a caixa) ou não.
É confuso e
eu não sei se entendi (ou entendi e não entendi ao mesmo tempo?) o conceito do
gato de Schrödinger, mas dada a situação do Atlético Mineiro, ouso mostrar como
o jogo de hoje é análogo a este experimento. Apresento-lhes, então, o
Galo de Schrödinger.
- O Galo
está dentro de uma caixinha de surpresas (desculpe, mas textos de futebol tem
que ter pelo menos um clichê) dentro da qual há uma bomba que pode estourar ou
não. Nós não saberemos se isso aconteceu até o término do jogo.
- Para o Futebol Quântico, no entanto, o Atlético será eternamente campeão e derrotado
ao mesmo tempo, até que o confronto chegue ao fim e alguém observe o que
aconteceu "de fato".
- A grande
vantagem do Futebol Quântico em relação à sua prima mecânica quântica é que
podemos assumir a postura do gato (Galo, no caso). Ao estarmos dentro da caixa
veremos o Atlético simultaneamente campeão e derrotado por 90 minutos, ora mais
campeão, ora mais derrotado, mas ambos os estados juntos, ao vivo.
- No
momento do apito final a caixa se abrirá e encontraremos um Galo campeão, como
resultado inexorável daquele experimento, como se podia ver naquele pênalti do
Tijuana, na virada histórica contra o Newell's, na alegria do time na 1ª fase,
na inteligência do Cuca que ora ou outra se sobreporia ao "azar", na
habilidade de Ronaldinho que sempre esteve lá, na malandragem do Kalil e na
técnica menosprezada de Tardelli e Jô; OU encontraremos um Galo derrotado, como
era óbvio que aconteceria dados todos os vacilos do time no mata-mata,
resultado natural de uma equipe que toma tantos gols, consequência inescapável
para quem joga um futebol arcaico e marca individualmente, castigo para quem
acredita num fdp de um Ronaldinho, choque de realidade para os iludidos com o
pé frio do Cuca e confirmação do que sempre se soube do Galo.
- Ao abrir
a caixa você só vai encontrar UM desses Atléticos e por mais que saiba que o outro
poderia estar lá estava lá até aquele momento, não vai mais conseguir vê-lo. Por isso, aproveite os 90
minutos dentro da caixa, oportunidade única e invariavelmente efêmera que o
Futebol Quântico nos proporciona.
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