Sem Firulas: Champions League é mesmo o futebol que queremos ? - POR LUCAS DORTA (Autor Convidado) Todo início de Libertadores é inevitável jornalistas da imprensa brasileira começarem as comparações com a sonolenta Champions League. Claro que o futebol sul - americano tem que melhorar muito na organização,mMas será que é o ideal ficarmos parecido com a Champions League? Ao invés de ficarmos tentando imitar o que não podemos e o que não devemos ser porque não mostrar ao mundo algumas características do nosso continente que fazem o futebol respirar? Um dos argumentos para a babação de ovo ao torneio europeu é o nível técnico da competição, sim pode até ser, mas quantos times realmente entram pra disputar o título? Do que adianta alguns clubes terem seleções mundiais e crescerem cada vez mais financeiramente conseguindo vitórias cada vez mais fáceis e previsíveis, enquanto outras equipes que até tem uma certa tradição ficarem satisfeitas apenas em passarem de fase ou conseguirem alguma vaga seja ela qual for? Dos jogos que acontecem na Champions, poucos tem grandes disputas devido a desigualdade financeira entre as equipes. A maioria deles já se sabe o classificado e hoje em dia é possível saber até os semi - finalistas antes mesmo do campeonato começar. É isso que queremos ver na Libertadores? A nossa imprensa pode enfiar no nosso cérebro que lá estão os melhores jogadores do mundo, mas e a identidade dos clubes? Torcer para um time do seu país que pode não ter nenhum jogador da terra a qual o clube pertence? Onde está a graça nisso aí? O futebol tem que ter seu lado social e ser imprevisível. O dia em que esse esporte ficar monopolizado a poucos clubes vamos perder o interesse, se é que esse processo já não esteja ocorrendo. Dos estádios dessa Champions League é melhor nem falar. O amante de verdade do futebol prefere muito mais um estádio pulsante e o clima de guerra da Libertadores do que uma cancha de um torneio goumertizado. Aliás esse clima de guerra é um charme a mais pro torneio sul - americano, cada jogo ganha um ar especial, bem melhor do que ficar num teatro vendo um jogo que você já sabe o vencedor antes de começar o jogo. Aqui na América não vence o time mais endinheirado, vence quem tem alma e sangue quente para encarar as batalhas. As torcidas não precisam de jogadores midiáticos para acompanharem seus times, pelo contrário, aqui a alma do time sempre será maior do que qualquer grana ou jogador e nada de ficar com a apelação de trazer atleta do mundo inteiro pra tentar adquirir torcedores/consumidores. Quando algum jornalista ficar fazendo comparações vale você fazer essa reflexão: realmente queremos o modelo europeu de se fazer futebol, aqui na América do Sul? Temos que nos organizar, mas isso não significa perdemos a nossa identidade. Vamos vender para o mundo a festa das nossas arquibancadas? A raça dos jogadores ? Vamos exaltar os jogos disputados com equilíbrio, ao invés de ficarmos nos comparando com um torneio cada vez mais previsível e que na verdade vem se monopolizando a 2 ou 3 clubes a algum tempo. Tem gente que acha legal esse "espetáculo" da Champions, mas que espetáculo é esse onde poucos times conseguem fazer parte do papel principal? É bem melhor ver um campeonato onde o nível técnico pode não ser lá aquelas coisas, mas tem ingredientes do futebol de verdade, do que um torneio bussiness formados com times de "Liga Master" onde o rico cada vez fica mais rico com vitórias fáceis e previsíveis e os mais pobres ficam sem perspectiva nenhuma de vitória.