May 14, 2015 at 05:27PM
Ode ao futebol argentino e ao Superclásico Por Gabriel Oliveira Não será em uma arena moderna, muito menos no padrão FIFA. E o que dizer então do "fair play”? Como se viu no primeiro jogo da semana passada, dentro de campo isso passa longe. Cuspes, socos e pontapés para todos os gostos. Lugar marcado? Torcedores sentados? Nada disso. Trata-se, definitivamente, de futebol para iniciados e apaixonados. Para se ter uma idéia da dimensão dos confrontos, basta dizer que a imprensa local chamou a série de “revolução de maio” ou “trilogia”. Revolução de maio nada mais é do que uma alusão ao próprio processo de independência do país, lá por volta de 1800. Trilogia remete ao momento épico em que o futebol argentino se encontra, com três jogos Boca-River ou River-Boca, entre os dias 3 e 14 de maio. O primeiro confronto terminou 2 a 0 para o Boca, na Bombonera, em jogo válido pelo campeonato argentino. Na semana passada, em um Monumental repleto, o River teve sua revanche e venceu por 1 a 0 pela Libertadores. Isso sem esquecer dos antecedentes. Pela Copa Sul-Americana, no ano passado, o River eliminou seu arquirrival das semifinais em dois confrontos eletrizantes e sagrou-se campeão. No entanto, no histórico pela Libertadores o Boca leva vantagem, com as históricas eliminações de 2000 e 2004. Hoje, o capítulo final da trilogia em La Bombonera. Não espere um jogo bonito e aberto, tampouco confunda a festa nas arquibancadas com a importância do que se joga em campo. Um Superclásico se vence com a alma, dos jogadores e torcedores. O confronto que paralisa o país é uma guerra, cada centímetro do campo é disputado, brigado, “peleado”. O jogador em campo parece um representante do mais fanático torcedor/”hincha”, e a cada dividida uma demonstração de garra e amor pela camisa, no melhor estilo sangue, suor e lágrimas. Disso se trata um Superclásico, como dizem no país vizinho: “Los clásicos no se juegan, se ganan.” Nos bancos hoje como treinadores, Marcelo Gallardo e Rodolfo Arruabarrena, dois ex-jogadores e ídolos criados nos próprios clubes. Na semana passada, Lionel Messi compartilhou uma foto assistindo ao jogo. Só se fala disso na Argentina. Em tempos de arenas padrão FIFA, salários astronômicos, falta de ídolos, e da tentativa de se acabar com o “folclore” do futebol, nossos vizinhos mostram mais uma vez que o futebol ainda vive. Aos nossos hermanos e seu futebol, ode e não ódio. Viva o futebol.
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