April 08, 2015 at 11:30AM
Em uma época onde jogadores se vendem, não se entregam em campo, reclamam de "baixos salários", de jogar três vezes por semana, é tocante ler uma história como essa. O futebol contra o nazismo. No início do século passado, mais precisamente por volta dos anos 30, o futebol era um esporte muito popular na União Soviética Comunista. Um dos times mais fortes era o Dinamo de Kiev, da Ucrânia. Contudo, em junho de 1941 as tropas nazistas invadem a União Soviética, e é aí que começa o pesadelo. A capital ucraniana, uma das principais cidades da União Soviética foi um dos principais alvos, e sua população foi massacrada. Grande parte do time do Dinamo foi aprisionada em campos para prisioneiros . Muitos prisioneiros foram executados, outros enviados para trabalhos forçados, e uma parcela de prisioneiros foi solta. Entre essa porcentagem, estavam vários jogadores do Dinamo, que voltaram para Kiev. Em pouco tempo, os jogadores estavam vivendo em condições precárias, de extrema pobreza, como toda a população da cidade ocupada. Mykola Trusevych, ex goleiro do Dinamo, conseguiu um emprego de faxineiro em uma padaria de Kiev, cujo dono era fanático por futebol, e deu a ideia de Mykola montar um time de futebol da padaria. O ex goleiro passou meses procurando seus ex colegas de time. Assim que conseguiu encontrar os jogadores, montou o Start FC, nome propício para um novo início. Uma liga começou a ser disputada em Kiev. Porém, a liga era financiada pelos nazistas, a fim de mascarar as atrocidades cometidas contra a população da cidade, o que fez alguns jogadores pensarem muito sobre participar ou não da liga. A equipe decidiu participar, mas para mostrar que estava jogando pela cidade, os jogadores atuavam nas partidas com camisas de malha vermelha (cor do comunismo). O time venceu todos seus jogos até então com placares arrasadores. Entre essas partidas,uma em especial foi determinante para a história do futebol. No dia 06 de agosto de 1942, o Start FC aplicou uma goleada de 5 a 1 sobre o Flakelf, time da força aérea Alemã.Dias após a derrota, cartazes com a palavra vingança em letras garrafais eram vistos aos montes pelas ruas de Kiev. O Start aceitou o desafio. Então, no dia 09 de agosto de 1942, os times se enfrentaram, em um estádio repleto de policiais alemães. Antes do início da partida, os jogadores do Start se recusaram a fazer a saudação nazista, o que fez o estádio delirar. Um oficial nazista foi o juiz da partida. E como previsto, ignorou solenemente toda e qualquer falta cometida pelos alemães. Ou seja, tudo "conspirando" para uma vitória do time alemão. Tanto que o Flakelf abriu o placar apenas depois do goleiro Trusevych tomar um chute na cabeça e ficar atordoado. Mas o Start era valente, e antes do intervalo, já havia virado o placar para 3 a 1. Dentro do vestiário, receberam a informação de que deveriam "entregar" o jogo, ou sofreriam as consequências.Porém ,os soviéticos não entenderam o recado, e voltaram com mais vontade para o segundo tempo. Já no final do jogo, com o placar marcando 5 a 3 para o Start, Klimenko recebeu a bola, passou por toda a defesa alemã, driblou o goleiro. Com o gol vazio, não deixou a bola cruzar a linha: virou se de costas e deu um chute em direção ao meio campo, numa clara demonstração de superioridade. O árbitro determinou o fim do jogo antes dos noventa minutos. Uma semana depois, vieram as consequências: jogadores foram presos, alguns torturados, e quatro executados. Entre eles, o goleiro Trusevych, que antes de morrer, mostrou sua camisa vermelha, dizendo quem iria vencer a guerra. Morreu como um herói. Da mesma forma que todos os outros atletas. Heróis que lutaram pela honra e por uma causa. Segue abaixo a imagem do monumento dos 4 jogadores que foram executados no campo de trabalho de Syrets, com os seguintes dizeres: "Aos jogadores que morreram com a cabeça levantada ante o invasor nazista". E só para constar, alguns dizem por aí que futebol é só um jogo .
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