O FUTEBOL NA ROMÊNIA, A GERAÇÃO PLAYSTATION E O DOCUMENTÁRIO Por João Vítor Roberge Meu nome é João Vítor, tenho 20 anos, sou estudante da 7ª fase do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina e autor do blog O Craiovano. Tive a honra de ser presenteado pela equipe do Sem Firulas com este espaço para contar a história do meu trabalho com o futebol romeno, e espero aproveitá-lo e partilhar algumas experiências aqui. Em julho de 2011, o FC Universitatea Craiova havia sido desfiliado forçadamente da Federação Romena de Futebol. Desde 2006, eu havia adotado este como meu time na Romênia, depois de ter pesquisado sobre a história do clube jogando Football Manager com um amigo de infância. Depois que o time foi desfiliado, ou seja, extinto, passei a pesquisar tudo que podia sobre o assunto. Via os protestos da torcida pelas ruas e percebi ali um significado social muito grande naquele time pelo qual, a princípio, qualquer um de nós poderia ver como “mais um”. Entrei no Curso de Jornalismo da UFSC em março de 2012, e em dezembro decidi que faria um documentário sobre esta extinção e os movimentos de torcedores pela volta do time como trabalho de conclusão de curso. Em julho de 2013, porém, a situação mudou. Passaram a existir o FC Universitatea Craiova e o CS Universitatea Craiova, ambos brigando pela mesma identidade: a de um clube com uma das maiores torcidas da Romênia, quarto lugar no ranking de pontos corridos do país (atrás do trio Steaua, Dinamo e Rapid), primeiro do país a chegar às semifinais da Copa da UEFA (atual Liga Europa) e primeiro do país a chegar às quartas-de-final da Champions League. Além destes recordes, o time não fez pouca coisa: foram 23 participações em torneios europeus entre 1973 e 2001, um intervalo de 28 anos. Não quero cansar demais o amigo leitor e nem abusar do espaço do Sem Firula escrevendo aqui a história toda apurada até hoje sobre as divergências entre FCU e CSU. Então deixo aqui o link para quem quiser saber a história mais detalhada: http://ift.tt/1bDtj5p Surgia então uma situação extremamente complexa, mais inédita e ainda mais importante, que precisaria de muito estudo meu, desde aquele momento em que os conflitos começavam a acontecer. A possibilidade de me perder sem o blog era muito grande. Mudava então a ideia do TCC, que agora terá foco sobre estes conflitos. Aí foi criado O CRAIOVANO, em que eu escrevia mais pra mim do que para os outros, sobre o que acontecia nos times (mais no FC, porque foi o que eu conheci antes) e consequentemente, nas competições das quais ambos participavam (segunda divisão romena e Copa da Romênia). Hoje, o blog fala do futebol romeno em geral, ainda que mantenha sua especialidade em Craiova, e tem bastante conteúdo exclusivo. Entrevistas, séries especiais, estatísticas, notícias em primeira mão (uma das mais memoráveis foi quando o Jean Chera chegou a ir pro CS Universitatea Craiova, por exemplo. Esta pauta foi replicada em toda a imprensa do Brasil no ano passado). O documentário está tendo seu projeto formal desenvolvido na disciplina de Técnicas de Projetos em Comunicação e já tem professora-orientadora. É muito importante lembrar que o trabalho vai abordar o conflito de identidade sob um ponto de vista imparcial, numa narrativa que vai deixar a conclusão mais pra quem assiste ter, desconsiderando minha opinião sobre o assunto. Este é o objetivo. Por isso muitas vezes me chateia ser rotulado de torcedor do time tal, porque a história é mais do que eu e mais do que o que eu acho. A história é praticamente inédita, com um time grande e tradicional. É uma história com um valor considerável. O projeto todo, certinho, tá explicado em catarse.me/craiovano, e você pode ajudá-lo a ser realizado. É um projeto ambicioso e embora eu viva em uma situação financeira confortável, não tenho como arcar com alguns custos.Para terem uma ideia, não vou ficar em hotel nenhum, a estadia é toda na solidariedade de colegas romenos. Por isso peço via crowdfunding, para que o financiamento do equipamento seja mais seguro e para que eu não precise atrasar minha formatura em função da falta de dinheiro. No fim das contas, o objetivo do documentário é mostrar um outro lado do futebol europeu (a gente fala de futebol europeu tendo como base os principais países da Europa, o que não é parâmetro real), e deixar algo pra que fãs de futebol possam conhecer uma história diferente, inédita e curiosa. Ninguém nunca fez nada sobre isso aprofundadamente, nem mesmo na Romênia. Então que fique esse pequeno legado, com legendas em português, romeno e inglês, pra alcançar o máximo de pessoas possível. Depois a gente vê se rola de vender pra algum canal, se inscrevemos em festivais de documentário, etc. Há quem diga por aí que eu seja a cara do que se chama de “Geração PlayStation”, por ter conhecido um time de futebol por um jogo de computador e ter passado a torcer por ele ainda criança. Bom, antes de qualquer simpatia ou torcida a um time de fora do Brasil, eu sou mesmo é vascaíno, desde que nasci. E desde 2007 adotei a Portuguesa como um segundo time. E penso que qualquer pessoa pode torcer para o time que quiser e que lhe fizer feliz, acho que estamos fiscalizando muito e ditando regras sobre para qual time alguém deveria torcer. Se fazer parte dessa "Geração PlayStation" é se interessar por novas histórias, novos tipos de futebol, clubes alternativos através de um contato globalizado com o mundo e a partir daí trazer, compartilhar algo para as pessoas como um blog ou um trabalho acadêmico, acho que a Geração PlayStation é algo muito legal e acredito que aí sim eu poderia ser a cara dela. E é isso, fica aqui esse grande esclarecimento, essa apresentação da minha história com o futebol romeno e do meu trabalho de conclusão de curso. Se ficaram com dúvida, dá pra papear no twitter: @jvroberge.


April 29, 2015 at 11:45AM

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