RIQUELME. O ÚLTIMO ROMÁNTICO? Por Gabriel Castanho S. Oliveira “Eu jogava como no meu bairro, escolhi isso desde pequeno. Jogar futebol é a coisa mais linda que existe. Domingo era o melhor dia da semana, entrava no campo e fazia o que eu mais gostava”. Craque, gênio, maestro, mas acima de tudo romântico. Juan Román Riquelme teve uma relação diferente com a bola. Não são raras as imagens em que o jogador aparece beijando a redonda, inclusive durante os jogos, em momentos de uma de suas especialidades, a bola parada. Tratava a bola com carinho, sabia quando cuidar e escondê-la, o momento certo de passá-la, lançar, o momento único de guardá-la nas redes. Nem sempre de flores foram feitas as histórias desse craque, sua personalidade forte também foi uma marca na carreira. Das comemorações como “Topo Gigio” - em alusão as desavenças com a diretoria - discussões com técnicos, companheiros, ídolos e até mesmo Maradona, Román colecionou troféus e desarmonias. Contemporâneo de outro ídolo histórico do Boca Juniors, Martin Palermo (aposentado em 2011) e devido a divisões internas no vestiário e do grupo de jogadores pela influência exercida por cada um, foram criadas duas correntes de torcedores, uma ala pró-Riquelme e outra pró-Palermo. Desde então, alguns torcedores do Boca se declaram “Riquelmistas” ou “Palermistas”. Terror dos brasileiros na Libertadores, palmeirenses e gremistas lembram com pesar as finais perdidas, cruzeirenses e corinthianos também não se esquecerão do dia em que sofreram pelos pés do argentino. Pela seleção, algumas derrotas doloridas para o Brasil, como a goleada na final da Copa das Confederações em 2005 por 4 x 1. Outras boas lembranças, como a vitória sobre o Brasil por 3 x 0 na semifinal dos jogos Olímpicos em 2008 do qual seria campeão. Na seleção nunca se sentiu em casa, sua casa era outra. É consenso entre grande parte da torcida do Boca Juniors que Riquelme é o maior ídolo da história do clube. Para citar só os títulos mais importantes, levantou nada menos do que 3 Copas Libertadores, 1 Mundial e 6 Nacionais. É também o jogador mais influente da história xeneize. De sua volta ao clube em 2007 disse: “Voltei ao Boca e fiz ele ganhar as eleições”. Frase sobre Mauricio Macri, Chefe de governo da cidade de Buenos Aires eleito em 2007 e que até hoje segue no cargo. Além da carreira política Macri também é sócio do Boca Juniors e ex-presidente. Foi e continua sendo uma figura influente da política do país e do clube. O último ato de romantismo de Riquelme veio em 2014. Após um término de contrato conturbado com o Boca Juniors, decidiu voltar ao clube que o revelou por gratidão. O Argentinos Juniors encontrava-se na segunda divisão e buscava retornar à elite do futebol argentino. Com belas atuações e sob a batuta do craque, o clube voltou para a primeira divisão. Sobre a aposentadoria de Riquelme, Zinedine Zidane: “Foi o último jogador que pedi para trocar de camisa, quando joguei meu último jogo pelo Real Madrid”. Quanta classe! Alguns dizem que ele era triste, depressivo. Talvez fosse mesmo só um apaixonado, que como em qualquer história de amor tem seus momentos de tristeza e felicidade. Riquelme, de primeira, resume assim: “Jogar futebol me faz feliz”. Gracias Román.



January 27, 2015 at 11:00AM

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